Bastidores da Ciência

Ep. 30 | André Góis: bioquímico investiga propriedades nutritivas e biológicas de microalgas

Investigador no Laboratório de Bioanálises, Biomateriais e Biotecnologia da Universidade da Madeira (UMa), e colaborador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Madeira (CIIMAR-MADEIRA), André Góis, analisa essencialmente o conteúdo químico de várias amostras biológicas marinhas, sobretudo de microalgas, com o objetivo de detetar algumas substâncias de interesse.

O bioquímico explica o processo: "depois de detetados esses compostos, pode, por exemplo, proceder-se à sua aplicação em vários fins. Nomeadamente, dediquei algum tempo à tentativa de enriquecer produtos alimentares com extratos de microalgas, a fim de melhorar as suas propriedades nutritivas e biológicas, aproveitando-se para isso aquilo que havia de positivo nas microalgas, que são por si só, comestíveis e altamente nutritivas."

O objetivo principal da investigação que desenvolve é monitorizar "eventuais alterações que possam ocorrer no metabolismo do organismo em análise, seja uma cultura de microalgas, pequenos peixes, ou outros organismos marinhos", esclarece.

 

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Ep. 29 | Vítor Nóbrega: investigador está a criar um "biofilme vivo"

Está a ser desenvolvida a criação de um "biofilme vivo", tendo por base uma relação simbiótica entre uma bactéria produtora de celulose e uma microalga fotossintética, no laboratório de bioanálises, biomateriais e biotecnologia (LB3) da Universidade da Madeira (UMa). Vítor Nóbrega, bioquímico, está debruçado sobre esta investigação. 

O investigador refere que está a utilizar uma microalga, "um ser vivo com uma única célula de dimensões muito pequenas (apenas visível ao microscópio) que, sendo fotossintética, tem a capacidade de produzir oxigénio". Ao criar um meio simbiótico (um meio que tenha os nutrientes necessários para ambos os microrganismos coexistirem), é possível criar uma membrana de celulose bacteriana com incorporação de microalgas vivas e viáveis de produzir oxigénio.

Em termos de aplicação, Vítor Nóbrega realça que este "biofilme" pode ser utilizado para "a regeneração de feridas que muitas vezes está dependente da presença de pequenos vasos sanguíneos junto ao tecido danificado, pelo que o oxigénio é um importante fator na angiogénese, ou seja, na criação destes pequenos vasos sanguíneos". 

 

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Ep. 28 | Annalisa Sambolino: bióloga estuda presença de microplásticos e de substâncias químicas derivadas na cadeia trófica marinha

A bióloga Annalisa Sambolino, estudante doutoranda no curso de biologia da Universidade da Madeira (UMa), trabalha atualmente no laboratório de Biomateriais, Bio-análises e Biotecnologia da UMa, em conjunto com o MARE (Madeira)/Observatório Oceânico da Madeira (OOM). O seu projeto de doutoramento trata da presença de microplásticos e de substâncias químicas derivadas, ou seja, aditivos plásticos, na cadeia trófica marinha.

A investigadora assume, como conhecimento geral, que "estas substâncias podem induzir efeitos adversos para a saúde, atuando como desreguladores endócrinos, mesmo em concentrações muito baixas, e afetando a reprodução ou outras funções fisiológicas e metabólicas". O objetivo da sua investigação "é avaliar o nível de contaminação de microplásticos e de ftalatos numa cadeia trófica de ambiente pelágico, que é um ambiente ainda pouco conhecido, com particular atenção nos golfinhos e baleias, que representam predadores de topo, como nós", explica. 

As amostras a analisar são recolhidas nas águas pelágicas a sul da costa da Madeira, e incluem amostras de zooplâncton, pequenos peixes pelágicos e cefalópodes, que constituem as presas dos cetáceos, e biopsias de cetáceos.

 

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Ep. 27 | Paulo Abreu: engenheiro informático da ARDITI, trabalha atualmente na equipa de gestão de projetos, nomeadamente do Projeto Islands of Innovation

Paulo Abreu, engenheiro informático da ARDITI, trabalha atualmente na equipa de gestão de projetos, nomeadamente do Projeto Islands of Innovation (Projeto Interreg Europe), cujo objetivo principal é "aproveitar oportunidades de diversificação da economia através da melhoria das políticas de inovação". 

Este projeto trata-se de um Consórcio de sete regiões/ilhas: a Província de Fryslân (Holanda), Samso (Dinamarca), Aegeu Norte (Grécia), Basse-Terre Norte (França), Madeira e Açores (Portugal) e Saaremaa (Estónia) e foca-se em investigar e melhorar políticas públicas escolhidas por cada região de forma a transformar as ilhas em “test-beds”. Portanto, estas ilhas são consideradas "promotoras da inovação, e constituem ambientes experimentais de teste e aprendizagem, com capacidade para atrair e manter jovens e pessoas inovadoras e empreendedoras". 

 

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Ep. 26 | Tânia Lourenço: a sobrecarga emocional nos cuidadores informais

Uma tese de doutoramento foi resultado de um estudo sobre cuidadores informais de doentes no que respeita à sua "sobrecarga". Tânia Lourenço, professora de Enfermagem na Escola Superior de Enfermagem de S. José de Cluny, buscou conhecer o que distingue um cuidador sobrecarregado no seu papel, de um sem sobrecarga, bem como conhecer as dimensões dessa sobrecarga.

A investigadora explica que estes cuidadores podem ser cuidadores de pessoas possuidoras de "doença crónica, dependência física, doença mental, doença oncológica, serem portadores do Vírus da Imunodeficiência Adquirida/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou também, serem doentes paliativos" e esclarece que esta investigação incide essencialmente "sobre os cuidadores de doentes paliativos, onde fomos buscar conhecer o que distingue um cuidador sobrecarregado no seu papel, de um sem sobrecarga, bem como, quais as dimensões desta sobrecarga." Em conclusão, o resultado mais prevalecente foi a sobrecarga emocional e, paralelamente foram estudados os fatores que condicionam esta sobrecarga, desde os recursos familiares, recursos da comunidade, caraterísticas do doente e dos próprios cuidadores, entre outros.

 

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Ep. 25 | Rita Figueiredo: a ansiedade perante a morte em cuidadores informais de doentes paliativos

Rita Figueiredo é professora na Escola Superior de Enfermagem de S. José de Cluny e doutoranda em Enfermagem na Universidade Católica Portuguesa, onde está a investigar a ansiedade perante a morte em cuidadores familiares de doentes paliativos. 

Segundo a professora, "há pessoas cujo medo da morte e de morrer atingem elevadas proporções, provocando um intenso sofrimento, aumentando a sobrecarga do cuidador, interferindo com a sua capacidade de comunicar, com o desempenho das normais atividades do dia-a-dia e diminuindo a qualidade de vida". Na sua investigação, Rita Figueiredo entrevistou mais de cem cuidadores de familiares de doentes paliativos da RAM, e verificou que muitos sofrem de ansiedade perante a sua morte e necessitam de apoio por parte dos profissionais de saúde. 

"O medo da morte prematura, que nos pode roubar a possibilidade de vivenciar determinadas experiências inerentes às diferentes etapas da vida e o medo de perder as capacidades mentais quando estiver a morrer foram também extremamente frequentes. A perda de capacidades mentais está intimamente ligada à perda de dignidade, à despersonalização e à perda de controlo", explica.

Como resultados, a investigadora avança que verificou que as pessoas que têm a sensação de ter desperdiçado a vida e as que não aceitam a sua mortalidade têm maior probabilidade de ter ansiedade perante a morte. 

 

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Ep. 24 | Rui Vieira: simulação de fenómenos físicos da natureza

Para o estudo de fenómenos que acontecem na natureza, e com o evoluir da computação e programas de simulação e reprodução virtuais dos mesmos,  o Observatório Oceânico da Madeira (OOM) usa sistemas numéricos de modulação, mais propriamente em oceanografia.

Através da modulação numérica, Rui Vieira, engenheiro eletrotécnico e bolseiro do OOM, dedica-se a um sistema acoplado para a atmosfera, oceano e ondas, denominado por "COAWST", que se trata de um programa que é executado num computador de alto desempenho, capaz de fazer diversos cálculos matemáticos numa área espacial e temporal. Assim, é possível então simular os fenómenos físicos que acontecem na natureza, para serem estudados. 

O investigador trabalha sobre o arquipélago da Madeira, e faz simulações com uma resolução de 1 km. "Isso permite, de uma certa forma, combater as lacunas de informação que existem em relação às imagens de satélite, aos dados recolhidos in-situ e aos resultados dos modelos globais internacionais existentes para a região", explica. Este trabalho é particularmente importante para o desenvolvimento de projetos, como o MARPOCS e o CleanAtlantic, e para o apoio nas tomadas de decisão sobre o derramamento de óleo, poluição marinha e salvamento, assim como para planear de uma forma bastante precisa, as campanhas oceanográficas do projecto OOM. 

O engenheiro eletrotécnico desvenda ainda outra parte do seu trabalho: a criação de uma base de dados para uma climatologia representativa de dez anos da ilha da Madeira e da ilha do Porto Santo, para os ventos, correntes e ondas oceânicas, para além da implementação de um sistema operacional de previsão meteorológica e oceanográfica acoplado para a região. 

Os dados estão disponíveis no site do OOM. 

  

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Ep. 23 | Jesus Reis: oceanógrafo físico estuda as águas junto à costa madeirense

Jesus Reis é oceanógrafo físico no Observatório Oceânico da Madeira (OOM) e o seu trabalho foca-se essencialmente no estudo do oceano na zona costeira da ilha da Madeira. 

O investigador trabalha, sobretudo, a caracterização física do oceano junto à costa sul da Madeira. "Isto significa que analiso parâmetros da água do mar como a temperatura e a salinidade", afirma. Este estudo é importante para analisar as variações existentes, que estão presentes desde a pequena escala, como é o caso da microturbulência presente nas águas. 

Para a obtenção dos dados, Jesus Reis explica que utiliza mais do que uma forma. "Uma delas, passa por fazer medições in situ, isto é, medir diretamente os parâmetros da água nos locais de estudo" que, por outras palavras, quer dizer estar a bordo de um navio científico, por exemplo, utilizando equipamentos oceanográficos de elevada precisão (como CTDs, microperfiladores e ADCPs) para a recolha da informação a estudar posteriormente. Outros dados são obtidos através de satélites e de radares de alta frequência instalados nas zonas costeiras (os chamados dados de deteção remota). Numa fase posterior à recolha e obtenção dos dados, o investigador começa a trabalhá-los e a analisá-los, com recurso a programas informáticos criados por si, através de linguagens de programação como é o caso da linguagem python

Em conclusão, o oceanógrafo refere que os dados que tem recolhido e analisado, em cooperação com os seus colegas do grupo de oceanografia do OOM, "têm contribuído para caracterizar as correntes costeiras da ilha da Madeira, um fenómeno induzido pela topografia e batimetria da ilha". Noutros termos, o grupo está a estudar a forma "como estes fenómenos evoluem no tempo e no espaço e o que leva à sua formação e dissipação".

Para além do enriquecimento do seu próprio trabalho e conhecimento desta área, Jesus Reis explica que esta recolha de dados ajuda também colegas investigadores de outros ramos de estudo, como é o caso da biodiversidade marinha, "pois cruzando os dados biológicos recolhidos por esses colegas com os dados físicos com que eu trabalho, tem sido possível propor explicações, por exemplo, para os padrões de abundância de algumas espécies", exemplifica. 

 

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Ep. 22 | Joana Silva: a aplicação de 'smart materials' no âmbito da Engenharia Civil

Joana Silva, Engenheira Civil e Assistente Convidada da Universidade da Madeira, no Departamento de Engenharia Civil e Geologia, é membro de uma equipa que estuda possíveis utilizações de SMA. Do que se trata? 

SMA são conhecidos, em linguagem de engenharia civil, por constituirem "ligas com memória de forma, ou seja, ligas metálicas com propriedades interessantes em diversos contextos, sendo por isso também apelidadas por ‘smart materials’", explica a investigadora. "As ligas com memória de forma são utilizadas nas mais diversas áreas, nomeadamente na medicina, na aeronáutica, na engenharia civil, entre outras. Quando falamos nas propriedades especiais detidas por estas ligas referimo-nos essencialmente a duas delas: capacidade de sofrer grandes deformações e voltar à sua forma original quando se retira a carga (a que damos o nome de superelasticidade) ou através de aquecimento (a que chamamos de efeito de memória de forma)", conclui.

Joana Silva foca o seu trabalho no contexto da engenharia civil, "mais concretamente nas aplicações de proteção sísmica para reabilitação de estruturas de betão armado". Atualmente, esta investigação está numa fase inicial. 

Segundo a engenheira, um aspeto muito importante é o facto de estas ligas "possuírem uma elevada resistência à corrosão (um dos principais problemas na construção em ambientes marítimos)". 

"A capacidade destes materiais para dissipar energia e recentrar (isto é, contribuindo para que as estruturas retomem a posição inicial após a ocorrência de eventos extremos) faz com que sejam extremamente apelativos do ponto de vista sísmico, pois possibilitam às estruturas resistir a estes eventos naturais com danos controlados, podendo contribuir para a redução das perdas de vidas humanas e bens materiais", revela. 

Joana Silva admiti que o número de resultados de ensaios experimentais disponíveis é ainda muito reduzido, mas "vários trabalhos com ligação à Universidade da Madeira têm vindo a ser desenvolvidos nesta área nos últimos anos, no âmbito de teses de Doutoramento e Mestrado, envolvendo, por exemplo, propostas de sistemas inovadores de proteção sísmica através da utilização destes smart materials". 

A investigadora expõe o objetivo principal do trabalho que está a começar a desenvolver: "contribuir para o conhecimento do comportamento de estruturas de betão armado e reforçado com ligas de memória de forma a, concretamente, propor soluções práticas para reforço sísmico dessas estruturas". 

 

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Ep. 21 | Carla Ragonezi: investigadora estuda metodologias e tecnologias para diminuir o impacto das alterações climáticas sobre o sector agrícola

Carla Ragonezi é bióloga e atualmente trabalha como investigadora doutorada no Banco de Germoplasma ISOPlexis da Universidade da Madeira. Está inserida no projeto CASBio, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Programa Operativo Madeira 14-20 da Região Autónoma da Madeira, que tem por objetivo avaliar e monitorizar a Agrobiodiversidade e a Sustentabilidade dos Agrossistemas nos novos cenários climáticos.

O projeto CASBio "passa por ensaiar e desenvolver metodologias e tecnologias para diminuir o impacto das alterações climáticas sobre o sector agrícola", explica a investigadora, que também esclarece o conceito de alterações climáticas: "são variações do clima em escala global ou local, e dizem respeito a mudanças de temperatura, precipitação e outros fenômenos climáticos em relação às médias históricas". Estas alterações climáticas, segundo a bióloga, "podem trazer problemas para o desenvolvimento e produtividade de cultivares e, consequentemente, para a produção de alimentos".

Carla Ragonezi faz a monitorização destes agrossistemas em vários locais da Madeira,  quatro vezes ao ano. Para além deste trabalho, ela e os membros da equipa à qual pertence, recolhem diferentes tipos de dados (levantamentos florísticos, amostras de solo e outros). De forma mais detalhada, a investigadora do ISOPlexis revela que é "responsável pela caracterização das comunidades de microrganismos do solo através de técnicas de biologia molecular com o objetivo de avaliar a diversidade desses no solo" e que essa "avaliação permite detectar mudanças nas comunidades microbianas nos vários locais e nas diferentes recolhas, permitindo assim, analisar melhor a comunidade microbiana, a sua interação com os cultivares assim como o seu papel na adaptabilidade desses às alterações climáticas".

A bióloga dá o exemplo da planta-fungo, que acontece com algumas espécies de cultivares estudadas no projeto. "Nessa relação positiva, a planta fornece alimento para o crescimento do fungo que em troca fornece alguns nutrientes para o crescimento e o desenvolvimento da planta". 

"Atualmente decorre um ensaio com esses fungos, denominados fungos micorrízicos, e plantas de batata-doce em Porto Santo. Até 2020, o CASBio vai caracterizar e monitorizar agrossistemas sob diferentes condições agroecológicas fazendo-se depois uma avalização da adaptação desses sistemas a diferentes condições ambientais", informa. 

 

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Ep. 20 | Mariana Jesus: engenheira civil estuda reforço de estruturas por aplicação de materiais compósitos

Um grupo do Departamento  de Engenharia Civil e Geologia da Universidade da Madeira tem vindo a estudar, com a colaboração de outras instituições, como a Universidade Nova de Lisboa, o reforço de estruturas por aplicação de materiais compósitos, nomeadamente através da aplicação de mantas de fibras de vidro, carbono e aramida. Mariana Jesus é uma das investigadoras envolvidas neste trabalho. 

Mariana Jesus explica que "o reforço por confinamento com recurso a materiais compósitos permite aumentar a capacidade de suportar cargas das estruturas, bem como aumentar a sua segurança quando sujeitas a ações intensas, como é o caso de sismos". Isto porque se tratam de materiais de elevada durabilidade, resultante da sua "significativa resistência à corrosão", explica. 

 A investigadora revela que, recentemente, "foi realizada uma campanha de ensaios experimentais no Laboratório Regional de Engenharia Civil, para avaliar o comportamento de pilares confinados por aplicação de reforço parcial, cujos resultados se encontram em fase de análise". Essa campanha de ensaios "englobou 26 provetes à escala real, em betão armado, instrumentados com recurso a defletómetros e a extensómetros de resistência elétrica para registo do comportamento dos provetes ao longo dos ensaios, realizados com recurso a prensa, até à rotura, controlada pela rotura frágil do material compósito", explica. 

Mariana Jesus afirma que esta campanha será ainda alargada a novas aplicações e que "os trabalhos serão desenvolvidos em paralelo na Madeira e na Universidade Nova". O objetivo principal será "contribuir para o conjunto de resultados experimentais disponíveis nesta área e melhorar a capacidade de previsão do comportamento das soluções estudadas através do desenvolvimento de modelos orientados para o projeto estrutural", garante a engenheira civil. 

 

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Ep. 19 | Roi Martinez: biólogo marinho faz caracterização da pesca comercial, artesanal e lúdica na Madeira

Roi Martinez é biólogo marinho e trabalha na Direção Regional de Pescas da Madeira, uma das instituições membro do Observatório Oceânico da Madeira. Atualmente desenvolve investigação na caracterização das pescas artesanal e recreativa na região. 

Segundo o investigador, "existe pouca informação disponível sobre a pesca artesanal praticada nas águas madeirenses e, por isso, estão a ser recolhidos dados de "capturas, baseados nas descargas e comprimentos dos peixes, para determinar as capturas por unidade de esforço e fazermos uma análise das povoações de peixes na região".

Esta equipa de trabalho está também a dar relevância aos impactos que este tipo de pesca, pesca lúdica, tem nos ecossistemas marinhos. Roi Martinez revela que "o objetivo deste trabalho consiste na caracterização dos aspetos biológicos, sociais e económicos desta atividade". Relativamente ao processo de trabalho, são preparados e distribuídos inquéritos aos pescadores e, segundo o investigador, em 2017 foram entrevistados mais de 800 pessoas ligadas à pesca apeada, submarina ou embarcada. 

Roi Martinez, desde há dois anos, acompanha ainda os concursos de pesca na região e recolhe informação biológica e estatística sobre os peixes capturados. Para além disso, monitoriza "a pesca grossa ou o chamado Big Game Fishing", contactando as empresas que realizam este tipo de atividade. 

Estas informações recolhidas, segundo o biólogo, servirão para a criação de um banco de dados com o intuito de posteriormente analisar o estado das pescas na região. "Estas informações são partilhadas com diferentes grupos de Portugal e Espanha que trabalham na área, para serem organizadas e estabelecer possíveis colaborações, assim como para escrever publicações cientificas sobre o tema", afirma. 

 

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Ep. 18 | Sara Tranquada: investigadora do M-ITI confronta diferenças de números entre homens e mulheres em áreas técnicas

Do senso comum, retiramos a ideia de que há sempre mais homens do que mulheres a trabalhar em profissões técnicas que, neste caso, são conhecidas por áreas CTEM (ou seja, mulheres dedicadas às ciências, tecnologias, engenharias e matemáticas). Estatisticamente isto comprova-se, pois "a nível universitário há mais homens em busca de uma profissão técnica do que mulheres", refere Sara Tranquada, que foca a sua investigação no confronto destes números. 

Sara Tranquada é uma das investigadoras do Instituto de Tecnologias Interativas da Madeira (M-ITI) e centra-se no estudo das diferenças entre os números de homens e mulheres que igressam para uma profissão mais técnica, e que é, visivelmente, liderada pelo sexo masculino. 

Com a investigação, Sara e a equipa com quem trabalha concluiu nos primeiros resultados que, por exemplo, em engenharia, na Universidade da Madeira candidadataram-se 73 estudantes do sexo masculino e apenas 10 do sexo feminino e que isto é um retrato da realidade desta situação.

Sara Tranquada afirma que "ma possível causa para esta situação pode ser, como nos diz a escritora nigeriana Chimamanda Adichie, se fizermos algo repetidamente, esse algo acaba por se tornar normal. Do mesmo modo, se virmos a mesma coisa repetidamente, isso também se tornará normal. Se apenas vemos homens em áreas técnicas, então, em certa altura, tendemos a acreditar que apenas homens devem seguir essa área". 

O objetivo principal desta investigação é confrontar este fenómeno criando reflexão e debate, de duas formas: "através da interação com um dispositivo físico, em conexão com um ecrã, para criar um impacto na observação dos números de desigualdade dos géneros nos cursos universitários para os quais os alunos se candidatam e através de uma interação virtual para explorar como o pressuposto, de que certas ocupações são destinadas aos homens e outras às mulheres, influencia o subconsciente na resolução de problemas através de um enigma", explica. 

 

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Ep. 17 | Sérgio Lousada: hidráulica urbana e obras marítimas e fluviais

Sérgio Lousada é professor na Faculdade de Ciências Exatas e da Engenharia na Universidade da Madeira e desde maio de 2012 é o responsável pelo Laboratório de Hidráulica do Departamento de Engenharia Civil e Geologia dessa universidade.

O engenheiro civil, nos últimos anos, tem-se focado na investigação da temática da Hidráulica, particularmente na hidráulica urbana e obras marítimas e fluviais, mas também no planeamento sustentável e ordenamento territorial. Em termos mais técnicos, o seu trabalho e o da sua equipa tem sido centrado no estudo de um sistema de prevenção de cheias. 

 Segundo as palavras de Sérgio Lousada, "parte desses trabalhos consiste em monitorizar e caraterizar a evolução do escoamento das ribeiras da cidade do Funchal em função de parâmetros climáticos. Estas ribeiras sofreram intervenção humana de regularização e isso introduziu variações no canal natural ao nível da largura, profundidade e rugosidade". Estas alterações provocam modificação no escoamento, sendo por isso fulcral realizar estudos que o caracterizem. Para isto ser concretizado, o grupo que trabalha com Sérgio Lousada utiliza modelos que integram a variabilidade espacial dos cursos de água, ou seja, que têm em linha de conta as referidas variações de largura, profundidade e rugosidade ao longo do seu percurso". 

O objetivo de toda esta investigação é "determinar como as estruturas hidráulicas construídas se comportam face a fenómenos extremos, neste caso, como se comportam face a galgamentos. A interpretação, interpolação e extrapolação dos dados recolhidos contribuirá para melhorar substancialmente a qualidade da informação disponível. O engenheiro civil garante ainda que "esta informação é útil para apoiar as tomadas de decisão, gestão e melhorar os sistemas de prevenção". 

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Ep. 16 | Fátima Gouveia: engenheira civil desenvolve estudo em gestão de riscos naturais

Segundo Fátima Gouveia, engenheira civil e professora auxiliar convidada na Universidade da Madeira, "os riscos naturais com maior expressão aqui na Madeira estão associados à ocorrência de deslizamentos de taludes, queda de blocos nas vertentes de elevado declive e cheias rápidas e intensas, com transporte de detritos – ou por outras palavras, as aluviões".

As aluviões ocorrem de forma geral em "períodos de precipitação intensa, associada ao relevo irregular e montanhoso, que é característico da ilha, pode assumir grandes proporções", refere. 

A engenheira civil revela que "a investigação em questão está integrada no projeto europeu – PAGEO – Plataforma Atlântica para Gestão do Risco Geológico -, desenvolvido no âmbito do Programa Europeu INTERREG Atlântico". O seu trabalho tem como objetivo "analisar a situação atual no que concerne à perceção de risco pela população e estratégia de mitigação de efeitos associados a desastres naturais na região". 

 

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Ep. 15 | Carla Lucas: psicóloga desenvolve projetos de promoção de bem-estar psicológico na UMa

O Serviço de Psicologia da Universidade da Madeira (UMa) destina-se a estudantes e funcionários da universidade, bem como à restante comunidade da RAM, disponibilizando consultas de psicologia e outras atividades, como workshops para promover competências pessoais.

Carla Lucas é psicóloga neste serviço e defende que "a aposta na prevenção da saúde mental e na promoção do bem-estar psicológico assume-se como fundamental, porque efetivamente sem saúde mental não há bem-estar, não há saúde física e não há prosperidade económica para o país". A psicóloga justifica então os objetivos deste projeto, que passam por desenvolver práticas de intervenção psicológica sustentadas na investigação, que auxiliem na capacitação das pessoas, nomeadamente dos estudantes universitários, que são o nosso foco principal de atuação".

Uma forma de juntar as duas componentes essenciais ao desenvolvimento deste projeto será "conciliar então a prática clínica/educacional com a investigação, que vai desde a avaliação da eficácia das intervenções psicológicas individuais e/ou de grupo realizadas, à ajuda no desenvolvimento de ferramentas adjuvantes à promoção do bem-estar psicológico". 

A psicóloga explica ainda que, "para o desenvolvimento de algumas destas ferramentas, são integradas equipas multidisplinares", e um exemplo disso é o facto de este serviço se ter "articulado com o  Mestrado de engenharia informática da UMa, projetos que colocam as tecnologias digitais ao serviço da promoção do bem-estar psicológico do estudante universitário, nomeadamente: a construção de uma aplicação móvel de monitorização de bem-estar e sucesso académico para estudantes e a construção de uma plataforma eletrónica “ToolBox: Estudante Universitário” (que será brevemente disponibilizada), e na qual o estudante poderá encontrar materiais psicoeducativos e exercícios personalizados e interativos, baseados na evidência, subordinados à experiência académica (ex.: gestão de ansiedade, métodos de estudo)." Para além destas parcerias no seio regional, este serviço recorre à colaboração com outras instutuições, como é o caso da Universidade do Porto, "em investigações ao nível do bem-estar estudantes universitários, relacionamentos interpessoais e avaliação de eficácia de programas de educação para a saúde", revela.

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Ep. 14 | Fábio Ascarani: investigador do ISOPlexis estuda recursos genéticos vegetais da Madeira

Fábio Ascarani trabalha atualmente através de uma bolsa de investigação no Banco de Germoplasma – ISOPlexis da Universidade da Madeira, cujo projeto no qual se encontra envolvido conta com o apoio do PRODERAM. Este projeto baseia-se no conceito da biodiversidade agrícola. 

Segundo o investigador, "biodiversidade agrícola" é ainda um conceito do qual poucas pessoas têm um conhecimento exato. O seu objetivo principal trata-se de "inventariar, caracterizar e guardar recursos genéticos vegetais da região". Relativamente ao trabalho propriamente dito, o engenheiro agrónomo explica em detalhe que vai, juntamente com outros membros da equipa à qual pertence, "a vários locais da ilha, falar com agricultores, associações de agricultores e entidades envolvidas em agricultura". Atualmente, refere, a equipa interessa-se maioritariamente por "recursos de macieira, pereira, ameixeira, cerejeira, castanheiro, ginjeira, figueira, mirtilo, cidreira, batata-doce, cebola, anona, maracujá, abacate e mangueiro". 

Fábio Ascarani afirma que a Madeira é rica em variedades locais destas plantas e explica o conceito de "variedades locais" como "uma variedade que se desenvolve num espaço limitado, adapta-se às condições climáticas do sítio e é melhorada geneticamente por seleção do agricultor". 

No caso de árvores de fruto, o que esta equipa tem feito é, segundo exemplo dado pelo investigador, "detetar o lugar onde os pomares são localizados, retirando as coordenadas GPS e realizando inventários e mapas; recolher material vegetal (folhas e frutos) para medir e caracterizar cada variedade; promover a multiplicação e a instalação de novos pomares com fruteiras regionais". 

"A Madeira já tem 28 variedades regionais inscritas no Catálogo Nacional de Variedades de Espécies Fruteiras", revela o engenheiro agrónomo. O seu trabalho visa ainda "aumentar o nível de informação sobre estas variedades".

 

 

 

Ep. 13 | Maria João Lima: Investigadora estuda o transporte de partículas entre montes submarinos para compreender a ligação entre estes ecossistemas

Maria João Lima trabalha no Observatório Oceânico da Madeira (OOM), no grupo de Oceanografia Física. Para executar o seu trabalho, utiliza uma ferramenta matemática que lhe permite "mapear possíveis trajetórias, quer para a frente quer para trás no tempo, por exemplo, de boias derivantes, de derrames de petróleo, de plásticos e ainda de larvas de diferentes espécies".

A ferramenta matemática que utiliza chama-se Lagrangiana, e é usada para "lançar (informaticamente) um determinado número de partículas virtuais que representam uma parcela de água. Estas partículas podem ser lançadas às centenas ou até milhares e podem simular organismos que não têm movimento próprio ou objetos dispersos", esclarece a investigadora. Para além desta ferramenta, Maria João também recorre a dados de modelos de circulação oceânica. 

No seu trabalho atual, Maria João estuda o "grau de conectividade que existe entre o grupo de montes submarinos conhecidos por Great Meteor e Madeira-Tore, que estão localizados, respetivamente, a Oeste e Nordeste da ilha da Madeira". Para contextualizar, "um monte submarino é uma montanha que se eleva do fundo do oceano sem atingir a superfície", explica. 

 Ao número de partículas virtuais que são lançadas a partir de um monte submarino e que vão ter a outro dá-se o nome de "conectividade". Essas partículas também podem ser encontradas no mesmo monte a partir do qual foram lançadas, explica a investigadora. De uma maneira mais simples, podemos dizer que "os fatores que contribuem para estes fenómenos são, por exemplo, as correntes, que podem favorecer ou impedir o movimento destas partículas entre os vários montes submarinos".

Para além deste trabalho, Maria João complementa esta investigação com a identificação dos "montes que atuam como principais recetores ou emissores de partículas". Explica ainda que isto é importante pelo facto de permitir que se saiba "se um determinado monte depende apenas das partículas que ele próprio produz ou se é sustentado pelas partículas que vêm de outros montes". Para rematar, a investigadora do OOM realça que esta informação é relevante para "identificar os principais processos físicos responsáveis pela ligação ou isolamento das populações de organismos marinhos dos montes submarinos, como, a longo prazo, será essencial para a caracterização da biodiversidade destes ecossistemas (ainda muito pouco explorados) e para a definição de novas Áreas Marinhas Protegidas".

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Ep. 12 | Rosa Pires: Programa para a preservação do Lobo-marinho na Madeira

Rosa Pires desenvolve, através do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, o Projeto LIFE Madeira Lobo-marinho, que consiste na recuperação desta espécie e no aumento do conhecimento existente sobre a mesma. 

"A foca mais rara do mundo", como refere a técnica superior Rosa Pires, continua a ser uma realidade na Madeira graças ao programa que defende a sua conservação. "O trabalho desenvolvido tem permitido a recuperação da população e um melhor conhecimento sobre esta espécie. A população estimada em 6 a 8 indivíduos, em 1988 é atualmente de 25 a 30. O crescimento da população contribuiu para o alargamento da área de distribuição da população que para além das Ilhas Desertas passou a incluir, também, a ilha da Madeira", explica. 

Este projeto - "Projeto LIFE Madeira Lobo-Marinho" - trouxe a implementação de metodologias inovadoras, como as câmaras fotográficas e o sistema GPS, para monitorizar a população de lobos-marinhos na Madeira. Segundo Rosa Pires, estas metologias têm "permitido seguir o estado da população de forma bastante rigorosa trazendo à luz conhecimentos inéditos, fundamentais para orientar adequadamente a conservação desta espécie emblemática". 

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Ep. 11 | Ana Dinis: Bióloga marinha estuda a estrutura social e os padrões de residência de baleias e golfinhos

Ana Dinis é bióloga marinha e é investigadora do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (Madeira), membro do Observatório Oceânico da Madeira (OOM). Cetáceos são um grupo de mamíferos marinhos vulgarmente designados por baleias e golfinhos, e o principal interesse desta investigadora é "estudar a sua estrutura social, os seus padrões de residência, os movimentos que realizam e a forma como usam o habitat". 

A bióloga refere, desde logo, a importância da Madeira para o estudo deste grupo de animais. Isto porque, se tratando de uma ilha "rodeada de águas de grande profundidade, as espécies oceânicas aqui ocorrem junto da costa, sendo por isso fácil observá-las e estudar o seu comportamento". Ana Dinis indica ainda o número de espécies de cetáceos até ao momento registado ao largo do arquipélago da ilha da Madeira: 29, ou seja, cerca de 1/3 do total mundial. 

Um dos estudos desta investigadora "consiste na comparação de catálogos de foto-identificação de uma espécie em particular, do golfinho-roaz, que é bastante avistado na Madeira, entre os arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias", explica. Existem várias técnicas e ferramentas para proceder a este tipo de investigação, mas a técnica usada por Ana Dinis baseia-se na foto-identificação destes animais. "A foto-identificação é uma das técnicas utilizadas para distinguir os diferentes indivíduos de um grupo", explica. Em termos mais simples, consiste em fotografar "a barbatana dorsal destes animais e depois analisar marcas naturais presentes nessas barbatanas", informações que depois são reunidas em catálogos e permitem "identificar os indivíduos, a frequência com que são avistados nas nossas águas, determinar os seus movimentos e os seus padrões de residência". A bióloga marinha relata ainda que, com esta "comparação", confirmou-se,  "pela primeira vez, a presença dos mesmos indivíduos na Madeira e nos Açores, e outros que estiveram na Madeira e nas Canárias". 

Ep. 10 | Ricardo Faria: Investigador do OOM utiliza modelo matemático para simular fenómenos climáticos

Estudar fenómenos locais de vento de modo mais detalhado é um dos objetivos do Observatório Oceânico da Madeira (OOM), que pretende simular e prever determinados fenómenos atmosféricos. 

Ricardo Faria, engenheiro mecânico do OOM, foca-se em desenvolver a investigação sobre os "escoamentos atmosféricos em zonas montanhosas e de topografia complexa". Segundo o investigador, "para modelar escoamentos atmosféricos em locais de elevada complexidade topográfica, são utilizados modelos de alta resolução espacial e temporal". Para a concretização deste trabalho, são utilizadas "ferramentas numéricas processadas em supercomputadores" e, neste caso, é utilizado "um modelo de circulação atmosférica que utiliza dados climáticos, topográficos e de ocupação do solo".

Posteriormente, "estes dados são incorporados no modelo para que este seja representativo dos fenómenos regionais e locais". No que respeita à validação do modelo, são realizadas "simulações de acontecimentos extremos esporádicos (como os incêndios que assolaram a ilha no ano 2016, o 20 de fevereiro de 2010…)", para depois serem comparadas com os "dados reais, medidos por estações meteorológicas que se encontram espalhadas pela ilha".

Ricardo Faria avança alguns exemplos deste tipo de fenómenos: "o estudo da influência da topografia no escoamento do vento; a localização de zonas de grande intensidade turbulenta e rajadas de vento (que é muito importante no caso do aeroporto da Madeira), a quantificação da intensidade das brisas de montanha e de mar e o estudo do seu ciclo; o estudo da dispersão de poluentes e qualidade do ar; o estudo da retenção de calor no meio urbano e ondas de calor no Funchal e ainda a previsão do potencial de produção de energia renovável (eólica e solar)".

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Ep. 9 | Carlos Lucas: Investigador está a desenvolver um planeamento de rotas para gliders

Gliders são veículos submarinos, com a forma de um torpedo, que são capazes de recolher informação no oceano até profundidades que podem atingir os 6000 metros. O movimento destes veículos é feito através de alterações da sua flutuabilidade. Carlos Lucas, no âmbito do seu doutoramento, está a estudar o planeamento multi-objetivo de rotas para gliders, pela Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, com uma bolsa financiada através da ARDITI. 

Este tipo de veículos "transportam sensores que permitem medir características da água, como a temperatura, a salinidade, a profundidade, as correntes e outros parâmetros que pretendermos quantificar. Estes equipamentos são capazes de passar meses em missões no oceano", garante o engenheiro informático que trabalha atualmente no Observatório Oceânico da Madeira. Segundo o investigador, "as instruções para o percurso que os gliders vão efetuar têm de ser cuidadosamente planeadas. Caso contrário, este equipamento pode sofrer desvios provocados por correntes não previstas ou impactos com seres vivos. Isto pode acontecer porque os gliders têm um modelo de propulsão limitado", tendo sempre em conta diversos parâmetros para este planeamento.

Em termos de resultado final, Carlos Lucas revela que se trata de "um conjunto de rotas consideradas “ótimas”, de acordo com os parâmetros especificados inicialmente". Depois de se implementar e, segundo o investigador, se houver "possibilidade", "este sistema será testado com uma missão real, de forma a validar os resultados produzidos pelo mesmo".

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Ep. 8 | Afonso Gonçalves: Investigador do M-ITI desenvolve exergames para combater o sedentarismo na população sénior

Afonso Gonçalves é investigador no Madeira Interactive Technologies Institute (M-ITI) e a sua investigação centra-se no uso das tecnologias da informação e comunicação no auxílio ao envelhecimento ativo. 

Segundo a pesquisa do investigador, "a população dos países desenvolvidos tem sofrido um envelhecimento acentuado, prevendo-se que até 2060 cerca de um 1/3 da população europeia tenha mais de 65 anos", daí ser tão importante aprofundar o conhecimento nesta área. Afonso Gonçalves refere ainda que "os comportamentos sedentários e a inatividade física são a quarta causa de morte no mundo". Uma das alternativas para combater estes comportamentos é a denominada exergame, ou seja, videojogos de exercício. Afonso Gonçalves revela que estes jogos "têm demonstrando grande potencial na promoção da atividade física e é reconhecida a sua aceitação por parte da população idosa". É por isto que o investigador está "associado a um projeto que se chama Augmented Human Assistantance e que procura desenvolver soluções para combater o sedentarismo e as morbilidades associadas", explica. A sua função neste projeto foca-se no "desenvolvimento e estudo de exergames adaptados à população sénior local".

O principal desafio destes jogos é conseguir fazer a correspondência entre as necessidades e motivações da população sénior e os elementos que integram os jogos e, para isso, foi necessário recolher a opinião da população sénior madeirense para proceder à construção destes exercícios.

O investigador indica que os resultados desta investigação, que opôs dois grupos de séniores, um  que jogou os exergames e outro que seguiu um plano de exercício físico convencional, sugerem que "os grupos de utentes em estudo obtiveram melhorias significativas tanto no equilíbrio, como em outras dimensões de fitness", utilizando os jogos. O investigador assume que "o exercício com jogos teve um impacto um pouco superior no aumento da força dos membros inferiores, superiores e das mãos".

 

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Ep. 7 | Ricardo José: Diversificação e nutrição de espécies marinhas para aquacultura

Ricardo José é biólogo no Centro de Maricultura da Calheta e trabalha em aquacultura, especificamente na diversificação e nutrição de novas espécies marinhas para este ramo. 

No âmbito do trabalho desenvolvido no Observatório Oceânico da Madeira, Ricardo José desenvolve investigação em aquacultura no Centro de Maricultura da Calheta, onde se foca na "diversificação e nutrição de novas espécies marinhas" para esta indústria. Segundo o investigador, a equipa à qual pertence está a "investir em duas espécies com potencial para serem criadas em cativeiro", como o pargo-capelo (Dentex gibbosus), "um peixe fusiforme, de tonalidade avermelhada e de elevado valor económico, muito apreciado na gastronomia regional".

Para além dos desenvolvimentos já existentes, Ricardo José admite que existem ainda alguns desafios a superar, como "a captura, aquisição e manutenção em cativeiro de um número razoável de peixes para formar um lote de reprodutores é difícil de conseguir".

O biólogo refere ainda mais duas espécies que estão a ser alvo deste estudo: o ouriço-comum (Paracentrotus lividus) e o ouriço-púrpura (Sphaerechinus granularis). O que esta equipa de trabalho tem feito é analisar "o seu ciclo reprodutivo na ilha da Madeira" e estudar, a nível nutricional, as suas ovas. Ricardo José é o responsável "pela manutenção em cativeiro dos indivíduos que utilizamos nos ensaios experimentais", analisando "o seu comportamento e as suas taxas de crescimento e de sobrevivência ao longo do tempo", explica. 

 

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Ep. 6 | Cláudio Cardoso: Projeto CleanAtlantic abrange a Madeira no estudo do transporte e retenção do lixo marinho

A investigação de Cláudio Cardoso está inserida no Projeto Clean Atlantic, do Programa Interreg Atlantic Area, que visa proteger a biodiversidade e os serviços ecossistémicos no Espaço Atlântico, monitorizando, prevenindo e removendo lixo marinho, através da cooperação regional entre várias entidades públicas e privadas do arco Atlântico, que incluem países como Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido. Uma dessas entidades é o Observatório Oceânico da Madeira, onde atualmente trabalha. 

O investigador centra o seu trabalho na área da oceanografia, mais propriamente sobre o tema do lixo marinho, que tem vindo a ser cada vez mais falado. Cláudio Cardoso explica que o lixo marinho, "resultado das atividades humanas, constitui um problema grave de poluição que ameaça o oceano e a saúde pública". Sobre o projeto especificamente, para além de ser constituído por uma componente de monitorização e deteção, é constituído por uma componente de "sensibilização dos agentes marítimos", refere.

A principal função deste investigador neste projeto é, segundo diz, "estudar o transporte e retenção do lixo marinho ao largo da ilha da Madeira". Para isso, Cláudio utiliza um "modelo numérico que engloba três domínios principais: a circulação atmosférica, a circulação oceânica e as descargas das ribeiras e a sua dispersão no oceano". Numa primeira fase, o trabalho incidirá sobre eventos extremos que ocorreram no passado, como o "20 de Fevereiro", no sentido de testar esses cenários e depois os poder simular.

Para validar e calibrar este modelo, Cláudio explica a necessidade de recorrer a dados obtidos através do lançamento de boias derivantes junto da costa, equipadas com um emissor GPS, o que permite aos investigadores "acompanhar a sua localização e assim compreender a circulação oceânica". Posteriormente, com a validação deste modelo, "a contribuição da ilha da Madeira para a retenção e dispersão de lixo marinho irá ser integrada num outro modelo de maior escala, neste caso ao nível do Oceano Atlântico", para que "estes resultados possam ser entregues às autoridades competentes, de forma a melhorar a gestão e facilidade de implementação das várias regulamentações legais para as áreas marinhas", refere.

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Ep. 5 | Rita Ferreira: Observação de baleias e golfinhos a bordo do ferry “Lobo Marinho”

Desde o ano 2016, existe uma parceria entre a Porto Santo Line, detentora do ferry "Lobo Marinho", e o Observatório Oceânico da Madeira (OOM). Podendo os investigadores recorrer a este navio enquanto plataforma de oportunidade, o seu trabalho de monitorização e investigação em cetáceos avistados entre a Madeira e o Porto Santo facilita-se.

Rita Ferreira é bióloga marinha do Observatório Oceânico da Madeira (OOM) e, como explica, desenvolve "investigação em cetáceos, ou seja, em baleias e golfinhos". A investigadora aponta um número de espécies que podem ser avistadas "de uma maneira regular ou ocasional" na área junto ao arquipélago da Madeira: vinte e nove. 

Algumas destas espécies podem ser avistadas muito junto à costa, mas outras ocorrem mais longe, pelo que há a necessidade de recorrer a esta plataforma de oportunidade para que seja assegurada a monitorização regular destes animais, assim como o seu estudo.  A bióloga explica que, "cada vez mais por todo o mundo, os investigadores recorrem às chamadas plataformas de oportunidade – ou seja, embarcações que podem ser usadas oportunisticamente pelos investigadores enquanto desenvolvem as suas atividades habituais. Plataformas de oportunidade são os barcos de observação de cetáceos, os barcos de pesca, os cargueiros e os ferries, entre outros". 

A parceria existente entre a Porto Santo Line e o OOM "permite o embarque de dois observadores três vezes por semana no ferry “Lobo Marinho”, possibilitando o envolvimento de "mais de vinte observadores, a maioria deles jovens estudantes de nacionalidades diversas, que adquirem conhecimentos e experiência valiosos para as suas carreiras futuras", refere Rita Ferreira. 

Relativamente à investigação, a bióloga explica que os dados recolhidos através destas monitorizações efetuadas em viagem "permitem estudar a ocorrência e distribuição temporal e espacial dos cetáceos ao longo deste trajeto fixo, monitorizando assim de modo regular uma área que, de outro modo, não seria avaliada tão frequentemente".

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Ep. 4 | Fábio Pereira: Investigador do M-ITI desenvolve novas abordagens para a reabilitação de pessoas com AVC

Os Acidentes Vasculares Cerebrais, mais conhecidos por AVC's, comprometem as competências motoras e cognitivas das pessoas, diminuindo assim a sua autonomia e qualidade de vida. Fábio Pereira, investigador no Madeira Interactive Technologies Institute (M-ITI) desenvolve investigação na área da neuro-reabilitação no sentido de promover atividades terapêuticas para as vitimas desta lesão. 

Investigador do NeuroRehabLab (um laboratório ligado ao Madeira Interactive Technologies Institute (M-ITI), Fábio Pereira está a realizar um doutoramento em Engenharia Informática, no ramo da Interação Homem-Máquina. Neste sentido, o foco da sua investigação incide "no desenvolvimento de uma solução terapêutica para a reabilitação de pessoas vítimas de Acidentes Vasculares Cerebrais" (AVC's), que fazem com que "funções como andar, agarrar, manipular objetos, orientar-se no espaço e no tempo ou utilizar eficazmente a linguagem ficam comprometidas", refere.

Na realidade, estas lesões também afetam a vida familiar das pessoas, assim como as suas competências sociais, já que encaminham o doente a uma condição de "isolamento social", diz o terapeuta ocupacional, que explica o seu trabalho de forma simples: "o nosso grupo de investigação pretende desenvolver uma mesa interativa, semelhante a um tablet gigante, onde as pessoas, através de jogos em grupo, possam executar virtualmente tarefas do dia-a-dia". O objetivo desta investigação é permitir aos utentes que a utilizem "realizar atividades terapêuticas, onde sejam trabalhadas competências semelhantes às utilizadas nas tarefas do dia-a-dia, promovendo o desenvolvimento de capacidades motoras", trazendo melhorias funcionais para estas pessoas. 

Para o efeito, o investigador e o seu grupo de trabalho têm realizado alguns estudos sobre várias abordagens que podem ser utilizadas nestas situações. Refere ainda que "as próximas etapas desta investigação vão centrar-se na construção da mesa, na elaboração dos jogos e, finalmente, na experimentação destes jogos com estas pessoas, num estudo longitudinal".

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Ep. 3 | Ana Pinto Góis: Investigadora avalia o estado de exploração de lapas na Madeira

A Direção Regional de Pescas monitoriza a apanha de lapas na Madeira com regulamentação própria para a manutenção e conservação deste importante recurso marinho litoral da Região Autónoma da Madeira (RAM).

Ana Pinto Góis é bióloga marinha na Direção de Serviços de Investigação da Direção Regional de Pescas. O seu trabalho consiste basicamente no acompanhamento da apanha de lapas na Região Autónoma da Madeira (RAM). 

Segundo a investigadora, esta é "uma atividade económica importante, pois é o sustento de muitas famílias madeirenses". Nos últimos dez anos, foram descarregadas nas lotas da RAM "cerca de 109 toneladas anuais destas espécies (Patella aspera e Patella candei), com um valor económico de 468 mil euros", informa.

É consensual entre os madeirenses de que esta é uma iguaria que tem bastante impacto a nível de atratividade turística para a RAM. Também por esse facto, Ana Pinto Góis refere que esta Direção de Serviços "se dedica ao estudo dos parâmetros biológicos, da dinâmica populacional e faz a monitorização contínua da abundância relativa deste recurso" desde 1995. 

Para proceder à avaliação do estado de exploração dos mananciais de lapas, esta equipa recorre a vários modelos, de onde extraem informação científica que contribui para a gestão racional e sustentável da sua apanha, evitando assim, "a médio e longo prazo a sobre-exploração", garante a bióloga marinha.

Ana Pinto Góis defende que "é importante as pessoas saberem que há um limite legal de peso diário de captura, que é de 3 kg por dia por pessoa, no caso da apanha familiar, e de 200 kg por dia por embarcação, no caso de apanha com fins comerciais", sendo necessária uma sensibilização recorrente sobre esta situação. Já para os consumidores desta iguaria, a investigadora alerta que o seu consumo deverá ser consciente, pelo que devem respeitar os "períodos de interdição e o tamanho mínimo de captura destes moluscos. Ou seja, não deverão apanhar ou consumir lapas subdimensionadas (com comprimento de concha inferior a 4 cm), nem lapas frescas durante o período de defeso, que é entre os dias 1 de dezembro e 31 de março".

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Ep. 2 | Sílvia Lourenço: Desenvolver aquacultura de ouriços-do-mar na Madeira é o desafio desta investigadora

Sabia que as ovas dos ouriços-do-mar são iguarias muito procuradas em países como o Japão ou a França? A bióloga marinha do Centro de Maricultura da Calheta, Sílvia Lourenço, está inserida num projeto cujo intuito é desenvolver a aquacultura destes ouriços na Madeira, para posterior valorização das suas ovas. Este projeto desenvolve-se em parceria com o CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Porto).

Sílvia Lourenço explica que a sua investigação se desenvolve em várias etapas: a primeira corresponde à “formulação de um alimento artificial para os ouriços que promova o crescimento das suas ovas com as características preferidas pelo consumidor”.  Segundo a investigadora, “essas preferências passam pelo tamanho, cor e sabor ideais, características que são muito procuradas pelos mercados  gourmet  internacionais. Na Madeira, esclarece, “pretendem dar a conhecer este produto, contribuindo para o fomento do turismo gastronómico na ilha”. As características das gónadas variam segundo a fase do ciclo reprodutivo em que se encontram estes animais, por isso, o seu consumo é sazonal. Isto porque, explica a investigadora, “como as ovas são ao mesmo tempo o órgão reprodutor e o órgão de reserva dos ouriços, são grandes imediatamente antes da desova e pequenas após este evento”.

O valor deste produto é tal que “um quilo de ovas pré-conservadas pode custar 100 euros”, em países como o Japão e a França.

Para determinar o período da desova dos ouriços na ilha da Madeira, Sílvia Lourenço e o grupo de investigação deste projeto, monitorizaram o ciclo reprodutivo destes animais, estabelecendo assim um período temporal ótimo para que possam ser apanhados. A investigadora explica que “este período de desova ocorre durante o início do ano”.

Estes investigadores têm realizado diversas experiências laboratoriais com estes animais. Após apanharem os ouriços, levam-nos para o Centro de Maricultura da Calheta, onde os engordam com dietas especialmente formuladas para atingir uma elevada qualidade das ovas. Estas dietas, segundo Sílvia Lourenço, “têm os nutrientes e pigmentos necessários para produzir ovas grandes, de cor laranja viva, e com intenso sabor a mar”.

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Ep. 1 | Filipe Alves: Ecologia de baleias e golfinhos da Madeira

Filipe Alves é biólogo marinho e desde cedo está ligado ao mar por influências familiares, centrando atualmente os seus interesses na ecologia de cetáceos.

Desde 1998, exatamente há duas décadas, exerce funções ligadas à investigação científica. Tem trabalhado em vários projetos que envolvem parceiros europeus, e participa regularmente em conferências e workshops internacionais, o que lhe permitiu adquirir novas experiências e desenvolver aptidões”, explica. 

Atualmente, o biólogo madeirense está a fazer um pós-doutoramento na área da ecologia trófica de baleias e golfinhos, pelo CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental e pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, através do Observatório Oceânico da Madeira. Neste projeto, explica, está a “estudar a ecologia trófica das várias populações de cetáceos em ambientes insulares, tais como são o arquipélago da Madeira e os das Canárias e dos Açores, os quais compõem a região biogeográfica da Macaronésia”.

Mais especificamente, o investigador analisa a distribuição temporal destes animais, averiguando “se têm alturas preferenciais do ano para visitarem ou residirem na Madeira”, para perceber o “modo como estes predadores do topo da cadeia alimentar se relacionam com o meio marinho nas águas da Madeira”. A par disto, Filipe Alves analisa isótopos estáveis ao longo da cadeia trófica (desde o fitoplâncton até às baleias) para estudar a dieta alimentar destes animais. 

A movimentação da baleia-piloto, em particular, é um dos grandes interesses do investigador. A análise dos seus movimentos faz-se “através da colocação de marcas nestes cetáceos e que depois são monitorizadas via satélite”, esclarece o biólogo marinho.

O investigador defende que, com os resultados obtidos, pretende aumentar o conhecimento sobre estes “animais icónicos”, e que têm “uma importância fundamental do ponto de vista não só biológico, mas também cultural, educativo e socioeconómico”. Filipe Alves espera, com este conhecimento, “apoiar os decisores políticos na tomada de medidas de gestão e de conservação adequadas”.

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