Carla Ragonezi é bióloga e atualmente trabalha como investigadora doutorada no Banco de Germoplasma ISOPlexis da Universidade da Madeira. Está inserida no projeto CASBio, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Programa Operativo Madeira 14-20 da Região Autónoma da Madeira, que tem por objetivo avaliar e monitorizar a Agrobiodiversidade e a Sustentabilidade dos Agrossistemas nos novos cenários climáticos.
O projeto CASBio "passa por ensaiar e desenvolver metodologias e tecnologias para diminuir o impacto das alterações climáticas sobre o sector agrícola", explica a investigadora, que também esclarece o conceito de alterações climáticas: "são variações do clima em escala global ou local, e dizem respeito a mudanças de temperatura, precipitação e outros fenômenos climáticos em relação às médias históricas". Estas alterações climáticas, segundo a bióloga, "podem trazer problemas para o desenvolvimento e produtividade de cultivares e, consequentemente, para a produção de alimentos".
Carla Ragonezi faz a monitorização destes agrossistemas em vários locais da Madeira, quatro vezes ao ano. Para além deste trabalho, ela e os membros da equipa à qual pertence, recolhem diferentes tipos de dados (levantamentos florísticos, amostras de solo e outros). De forma mais detalhada, a investigadora do ISOPlexis revela que é "responsável pela caracterização das comunidades de microrganismos do solo através de técnicas de biologia molecular com o objetivo de avaliar a diversidade desses no solo" e que essa "avaliação permite detectar mudanças nas comunidades microbianas nos vários locais e nas diferentes recolhas, permitindo assim, analisar melhor a comunidade microbiana, a sua interação com os cultivares assim como o seu papel na adaptabilidade desses às alterações climáticas".
A bióloga dá o exemplo da planta-fungo, que acontece com algumas espécies de cultivares estudadas no projeto. "Nessa relação positiva, a planta fornece alimento para o crescimento do fungo que em troca fornece alguns nutrientes para o crescimento e o desenvolvimento da planta".
"Atualmente decorre um ensaio com esses fungos, denominados fungos micorrízicos, e plantas de batata-doce em Porto Santo. Até 2020, o CASBio vai caracterizar e monitorizar agrossistemas sob diferentes condições agroecológicas fazendo-se depois uma avalização da adaptação desses sistemas a diferentes condições ambientais", informa.
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