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Há (ainda) muita vida nas Selvagens

Há (ainda) muita vida nas Selvagens

Três equipas de investigadores da ARDITI estiveram envolvidas na expedição Selvagens 50, que teve a sua componente prática entre 23 de abril e 1 de maio de 2023, nas Ilhas Selvagens e que envolveu um total de 53 investigadores e gestores, tendo 40 dos quais se deslocado ao local.


A expedição, a maior que se realizou até a data, contou com 28 entidades públicas e privadas e reuniu 23 áreas de estudo, que envolveram vários investigadores e cujas intervenções foram agora publicadas num relatório apresentado na manhã de 17 de janeiro no Museu da Eletricidade/Casa da Luz.
Susanne Schäfer, Rodrigo Silva, João Monteiro e João Canning-Clode, investigadores do MARE-Madeira/ARDITI, dedicaram-se à colocação de três estruturas "ARMS - Autonomous Reef Monitoring Structure", que são na prática recifes artificiais tridimensionais que imitam os recifes naturais, permitindo a colonização por várias espécies. Estas estruturas, de 20 kg cada, foram colocadas aos 24m de profundidade para reduzir o risco de perda ou danos das estruturas devido a condições climatéricas adversas na costa sul da Selvagem Grande. Estiveram envolvidos nas operações a bordo de uma das embarcações da missão quatro elementos, que colocaram os ARMS com 3 a 5 metros de distância entre si num fundo rochoso, constituído maioritariamente por calhau rolado, numa baía protegida entre duas escoadas lávicas subaquáticas.


Já a atmosfera foi alvo de estudo de outra equipa de investigadores, composta por Cátia Azevedo, Gonçalo Barros e Pedro Neves, do Observatório Oceânico da Madeira/ARDITI, que se dedicaram à monitorização dos parâmetros oceanográficos/atmosféricos. Esta é, segundo os cientistas, essencial para a caracterização do oceano circundante. Numa perspetiva relativa às alterações climáticas, as medições de dióxido de carbono permitiram avaliar como a presença das ilhas oceânicas, como a Madeira e as Ilhas Selvagens, podem ter influência no balanço global de carbono. Na realização de trabalhos nas Ilhas Selvagens foi utilizado o wirewalker (ww). O “ww” é uma plataforma oceanográfica autónoma, colocada à deriva, que utiliza a ondulação para perfilar a coluna de água na vertical. Sensores de condutividade, temperatura e dióxido de carbono foram utilizados durante a amostragem. Na atmosfera os parâmetros amostrados foram a temperatura do ar, velocidade e direção do vento e dióxido de carbono na baixa atmosfera. Foram efetuados quatro lançamentos, três na zona Este e Oeste da Selvagem Grande e um a Sudoeste da Selvagem Pequena, num total de 19 km amostrados.


Por seu lado Filipe Alves, João Monteiro e Ana Dinis, do MARE-Madeira/ARDITI, propuseram-se a avaliar a presença de espécies de fauna marinha pelágica e a sua distribuição temporal para a implementação de um programa de monitorização não intrusivo. Por questões de logística não conseguiram desenvolver o trabalho durante o período da expedição “Selvagens 50”, estando a preparar-se para realizá-lo ainda no primeiro trimestre deste ano.

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