A investigação de Cláudio Cardoso está inserida no Projeto Clean Atlantic, do Programa Interreg Atlantic Area, que visa proteger a biodiversidade e os serviços ecossistémicos no Espaço Atlântico, monitorizando, prevenindo e removendo lixo marinho, através da cooperação regional entre várias entidades públicas e privadas do arco Atlântico, que incluem países como Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido. Uma dessas entidades é o Observatório Oceânico da Madeira, onde atualmente trabalha.
O investigador centra o seu trabalho na área da oceanografia, mais propriamente sobre o tema do lixo marinho, que tem vindo a ser cada vez mais falado. Cláudio Cardoso explica que o lixo marinho, "resultado das atividades humanas, constitui um problema grave de poluição que ameaça o oceano e a saúde pública". Sobre o projeto especificamente, para além de ser constituído por uma componente de monitorização e deteção, é constituído por uma componente de "sensibilização dos agentes marítimos", refere.
A principal função deste investigador neste projeto é, segundo diz, "estudar o transporte e retenção do lixo marinho ao largo da ilha da Madeira". Para isso, Cláudio utiliza um "modelo numérico que engloba três domínios principais: a circulação atmosférica, a circulação oceânica e as descargas das ribeiras e a sua dispersão no oceano". Numa primeira fase, o trabalho incidirá sobre eventos extremos que ocorreram no passado, como o "20 de Fevereiro", no sentido de testar esses cenários e depois os poder simular.
Para validar e calibrar este modelo, Cláudio explica a necessidade de recorrer a dados obtidos através do lançamento de boias derivantes junto da costa, equipadas com um emissor GPS, o que permite aos investigadores "acompanhar a sua localização e assim compreender a circulação oceânica". Posteriormente, com a validação deste modelo, "a contribuição da ilha da Madeira para a retenção e dispersão de lixo marinho irá ser integrada num outro modelo de maior escala, neste caso ao nível do Oceano Atlântico", para que "estes resultados possam ser entregues às autoridades competentes, de forma a melhorar a gestão e facilidade de implementação das várias regulamentações legais para as áreas marinhas", refere.
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