Jesus Reis é oceanógrafo físico no Observatório Oceânico da Madeira (OOM) e o seu trabalho foca-se essencialmente no estudo do oceano na zona costeira da ilha da Madeira.
O investigador trabalha, sobretudo, a caracterização física do oceano junto à costa sul da Madeira. "Isto significa que analiso parâmetros da água do mar como a temperatura e a salinidade", afirma. Este estudo é importante para analisar as variações existentes, que estão presentes desde a pequena escala, como é o caso da microturbulência presente nas águas.
Para a obtenção dos dados, Jesus Reis explica que utiliza mais do que uma forma. "Uma delas, passa por fazer medições in situ, isto é, medir diretamente os parâmetros da água nos locais de estudo" que, por outras palavras, quer dizer estar a bordo de um navio científico, por exemplo, utilizando equipamentos oceanográficos de elevada precisão (como CTDs, microperfiladores e ADCPs) para a recolha da informação a estudar posteriormente. Outros dados são obtidos através de satélites e de radares de alta frequência instalados nas zonas costeiras (os chamados dados de deteção remota). Numa fase posterior à recolha e obtenção dos dados, o investigador começa a trabalhá-los e a analisá-los, com recurso a programas informáticos criados por si, através de linguagens de programação como é o caso da linguagem python.
Em conclusão, o oceanógrafo refere que os dados que tem recolhido e analisado, em cooperação com os seus colegas do grupo de oceanografia do OOM, "têm contribuído para caracterizar as correntes costeiras da ilha da Madeira, um fenómeno induzido pela topografia e batimetria da ilha". Noutros termos, o grupo está a estudar a forma "como estes fenómenos evoluem no tempo e no espaço e o que leva à sua formação e dissipação".
Para além do enriquecimento do seu próprio trabalho e conhecimento desta área, Jesus Reis explica que esta recolha de dados ajuda também colegas investigadores de outros ramos de estudo, como é o caso da biodiversidade marinha, "pois cruzando os dados biológicos recolhidos por esses colegas com os dados físicos com que eu trabalho, tem sido possível propor explicações, por exemplo, para os padrões de abundância de algumas espécies", exemplifica.
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