Joana Silva, Engenheira Civil e Assistente Convidada da Universidade da Madeira, no Departamento de Engenharia Civil e Geologia, é membro de uma equipa que estuda possíveis utilizações de SMA. Do que se trata?
SMA são conhecidos, em linguagem de engenharia civil, por constituirem "ligas com memória de forma, ou seja, ligas metálicas com propriedades interessantes em diversos contextos, sendo por isso também apelidadas por ‘smart materials’", explica a investigadora. "As ligas com memória de forma são utilizadas nas mais diversas áreas, nomeadamente na medicina, na aeronáutica, na engenharia civil, entre outras. Quando falamos nas propriedades especiais detidas por estas ligas referimo-nos essencialmente a duas delas: capacidade de sofrer grandes deformações e voltar à sua forma original quando se retira a carga (a que damos o nome de superelasticidade) ou através de aquecimento (a que chamamos de efeito de memória de forma)", conclui.
Joana Silva foca o seu trabalho no contexto da engenharia civil, "mais concretamente nas aplicações de proteção sísmica para reabilitação de estruturas de betão armado". Atualmente, esta investigação está numa fase inicial.
Segundo a engenheira, um aspeto muito importante é o facto de estas ligas "possuírem uma elevada resistência à corrosão (um dos principais problemas na construção em ambientes marítimos)".
"A capacidade destes materiais para dissipar energia e recentrar (isto é, contribuindo para que as estruturas retomem a posição inicial após a ocorrência de eventos extremos) faz com que sejam extremamente apelativos do ponto de vista sísmico, pois possibilitam às estruturas resistir a estes eventos naturais com danos controlados, podendo contribuir para a redução das perdas de vidas humanas e bens materiais", revela.
Joana Silva admiti que o número de resultados de ensaios experimentais disponíveis é ainda muito reduzido, mas "vários trabalhos com ligação à Universidade da Madeira têm vindo a ser desenvolvidos nesta área nos últimos anos, no âmbito de teses de Doutoramento e Mestrado, envolvendo, por exemplo, propostas de sistemas inovadores de proteção sísmica através da utilização destes smart materials".
A investigadora expõe o objetivo principal do trabalho que está a começar a desenvolver: "contribuir para o conhecimento do comportamento de estruturas de betão armado e reforçado com ligas de memória de forma a, concretamente, propor soluções práticas para reforço sísmico dessas estruturas".
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