A conferência “Portugal e o Mar – A Engenharia Azul” decorreu no Centro de Congressos da Madeira nos dias 1 e 2 de junho. Organizada pela Ordem dos Engenheiros Região Madeira, reuniu diversos especialistas que abordaram os mais recentes avanços na investigação, monitorização, conservação e gestão do mar, destacando também o papel das profissões azuis, a digitalização e a transformação digital.
No evento, a ARDITI desempenhou um papel relevante, apresentando um expositor e demonstrações do trabalho dos seus investigadores. Rui Caldeira, Presidente da ARDITI, foi o orador convidado para abrir o segundo painel da conferência com a apresentação de um dos projetos mais emblemáticos, o desenvolvimento de Sistemas Aéreos Não Tripulados (drones) de pequeno porte e baixo custo para fins civis e militares, enquadrado no projeto "Sentinela Atlântica" com a participação do Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA).
O Sentinela Atlântica através dos seus investigadores deu a conhecer os drones Alfa e Charlie. Os drones Alfa possuem dois modelos: um para utilização em espaços interiores, adequado para reconhecimento em ambientes confinados sem iluminação, e um modelo exterior para espaços abertos de curto a médio alcance, com capacidade de voar a alta velocidade devido à sua fuselagem aerodinâmica. O Charlie é um octocopter de elevação de cargas, capaz de acoplar diversos dispositivos, nomeadamente lançador de cargas, fios mensageiros, entre outros.
Os investigadores e técnicos do MARE-Madeira marcaram presença com mostras do seu trabalho, incluindo: o uso de veículos aquáticos operados remotamente (USVs e ROVs) e de drones aéreos com múltiplos sensores para o mapeamento, estudo e exploração de habitats marinhos desde o ar até profundidades maiores que 100 metros; o uso de câmaras remotas (BRUVS) e hidrofones com registradores para estudar cetáceos, peixes e a poluição sonora; o desenvolvimento e uso de marcas eletrónicas para seguir os movimentos de cetáceos e tartarugas; o uso de inteligência artificial, aplicações móveis e outras tecnologias para a otimização e melhoria da recolha e processamento de dados.
O Observatório Oceânico da Madeira marcou presença com uma exposição de equipamentos oceanográficos, onde os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o wirewalker, a rosette o YODA e um kit de biotecnologia que estuda as microalgas e outros pequenos organismos aquáticos. O Wirewalker é um instrumento autónomo, que utiliza a ondulação para perfilar a coluna de água na vertical. Para caracterização da coluna de água, está acoplado um CTD (Condutividade, Temperatura e Pressão - RBRconcerto3). Uma vantagem deste perfilador autónomo em relação a medidas baseadas em navio é que permite amostrar a coluna de água não perturbada, uma vez que a deslocação do navio perturba a superfície do oceano resultando em perfis válidos apenas abaixo dos 10m de profundidade.
Os dados com cariz científico são recolhidos durante a subida livre e ininterrupta, com velocidade ascendente de 0,5 m/s. O YODA ("Yoing Ocean Data Acquisition Profiler”) é um equipamento oceanográfico que permite realizar perfis verticais de forma contínua ao longo da coluna de água. Este equipamento contém vários sensores para monitorização costeira, nomeadamente temperatura, condutividade/salinidade, pressão, oxigénio dissolvido, turbidez e clorofila-a (indicador da produtividade primária). A “Rosette” é um equipamento fundamental em oceanografia para recolha de amostras de água ao longo da coluna de água. Este equipamento é composto por 10 garrafas (2L ou 5L), e pode ser pré-programado para recolha de amostras de água em profundidades específicas. Posteriormente, estas amostras de água são analisadas em laboratório para caracterização da qualidade ambiental das águas.
Nesta iniciativa, alguns dos projetos foram destacados, evidenciando o papel ativo da ARDITI na promoção da investigação e inovação. Através destas ações, espera-se impulsionar de forma significativa o desenvolvimento económico e social da região.