À semelhança da expedição multidisciplinar organizada no Porto Santo em 2020, o MARE-Madeira, está a realizar uma expedição científica nas ilhas Desertas, em parceria com o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) e a Direção Regional do Mar (DRM). O objetivo desta campanha, denominada MARE@Desertas, é caracterizar a biodiversidade, identificar impactos de pressões humanas e avaliar os efeitos das medidas de proteção nestas Áreas Marinhas Protegidas remotas, recorrendo a diversas metodologias para produzir múltiplas camadas de informação.
Depois do sucesso da expedição MARE@Porto Santo 2020, os investigadores, pretendem agora focar-se na Reserva Natural das Ilhas Desertas situada a sul da Ponta de São Lourenço. Durante a expedição, que se iniciou em Junho deste ano e que deverá prolongar-se até meados do próximo ano, várias equipas técnicas irão realizar trabalhos desde o topo do Bugio, Deserta Grande e Ilhéu Chão até ao fundo do mar. No total, cerca de oito equipas deverão estar no terreno, cada uma com objetivos específicos, incluindo mapeamento de habitats recorrendo a drones e outras tecnologias, caracterização de comunidades costeiras, avaliação de contaminação com lixo marinho e a colocação de sensores para registar variações de temperatura em diversos locais da reserva.
A experiência de iniciativas e campanhas anteriores tem permitido um planeamento minucioso desta iniciativa ambiciosa tornando a equipa numa máquina bem oleada, os elementos que compõem os diversos grupos de trabalho. Assim, nos próximos meses, deverão passar pelas Desertas cerca de trinta investigadores, técnicos e alunos, organizados para visitar as ilhas de forma faseada, por questões logísticas (uma vez que a Reserva não permite a permanência de muitas pessoas em simultâneo). No total, os trabalhos de investigação e levantamentos planeados deverão demorar cerca de um ano, com algumas deslocações apoiadas pelo IFCN e outras com recurso a embarcações fretadas e serviços de apoio a mergulho por empresas locais.
A expedição, que agrega investigadores e meios envolvidos em diversos projetos de investigação e desenvolvimento, usa diversos equipamentos, tecnologias e sensores disponíveis e capitaliza o conhecimento técnico-científico de investigadores de diversas áreas da biologia, ecologia e tecnologia para procederem a censos, catalogação, mapeamento e monitorização das condições desde a zona entre marés até aos 150 metros. Até à data já estiveram no local uma equipa que utilizou sistemas de vídeo remotos para catalogar diversidade de peixes costeiros e uma equipa de mergulho científico para caracterizar as comunidades em habitats submersos.
Nos próximos meses, a expedição e os trabalhos científicos irão prosseguir, com equipas de investigadores a visitar as ilhas Desertas para colocar sensores, recolher imagens aéreas para mapeamentos, recolher dados batimétricos, caracterizar comunidades costeiras, explorar habitats profundos e avaliar a contaminação por lixo marinho e micro plásticos. Do ponto de vista científico, a informação e dados recolhidos irão contribuir para um maior conhecimento da diversidade marinha e dos habitats presentes, bem como para um melhor entendimento dos efeitos de pressões humanas e das diferentes medidas de proteção nas Áreas Marinhas Protegidas da Região.
Fotografia captada por Nuno Rodrigues.